segunda-feira, 22 de junho de 2009

O retrato de um Brasil negro e desigual

Passados 121 anos desde a romântica cena em que uma princesa libertou os homens e mulheres sofridos e torturados na nação da desigualdade, os negros brasileiros ainda sofrem com a dura realidade de um mercado de trabalho discriminatório, no qual a barreira da raça, muitas vezes, os impede de ocupar cargos de primeiro escalão.
A abolição da escravatura no Brasil tornou o negro livre dos senhores de engenhos, mas aprisionados a uma situação socioeconômica inferior, sem direito ao amplo acesso a terra, a formação escolar ou a capacitação profissional.
A falta de políticas de reparação foi apresentada em outubro de 2008, pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) que divulgou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2007, revelando que os trabalhadores negros e pardos têm uma renda per capita equivalente a menos da metade da renda dos brancos.
A mesma pesquisa mostra ainda que a taxa de analfabetismo entre jovens negros é quase duas vezes superior à taxa entre brancos. Apesar disso, o instituto considera esse dado como positivo, já que em 1997 a taxa era três vezes maior o que comprova uma melhora no acesso de negros à escolarização.
Informações como esta leva a crer que a desigualdade histórica no Brasil está longe de ser superada já que a educação é o caminho mais eficaz para alcançar mudanças. Recentemente, surgiram denúncias de fraude na seleção do Programa Universidade para Todos (Prouni), destinados a alunos oriundos de escolas públicas e com cotas para negros e pardos. A iniciativa permite que o ingresso mude sua realidade. Uma jovem, que é neta de uma empregada doméstica, filha de uma cozinheira, pode almejar trabalhar em algo diferente do que trabalhar numa casa de família.
Enquanto os brasileiros – negros e não negros – não se derem conta da necessidade de pressionar o Estado para implantar e fiscalizar as políticas públicas de acesso a direitos básicos como a educação, o País estará fadado a continuar sua desigualdade histórica.Antes de ter definida a cor da pele, quem nasce neste solo já é brasileiro e deve ter seus direitos respeitados por um futuro justo. Essa realidade deve estar bem longe do pensamento ufanista que conduziu a abolição da escravatura, assinada pela princesa e sua caneta de pena, que liberou os negros para a miséria e a exclusão por mais 121 anos.

O significado da notícia

A importância dos textos opinativos no jornalismo
Acordar pela manhã e ir a busca de informações que irão direcionar o resto do seu dia. Essa é a rotina de milhões de brasileiros, que entendem os fatos divulgados nos jornais como possibilidades em suas vidas. Porém, entre o turbilhão de notícias disparados pela mídia diariamente, há sempre uma informação em destaque. Um fato cujo significado possui uma amplitude difícil de ser mensurada pelo cidadão comum, na rotina estressante do cotidiano. Por esse motivo, o jornalismo possui um gênero dedicado à discussão das temáticas dessas notícias. Nesse espaço, onde informação se confunde com opinião, o objetivo é ampliar o entendimento do público sobre o tema, ainda que seja sobre o ponto de vista de um único indivíduo ou grupo empresarial.
Desde quando surgiram os primórdios plafletários, responsáveis por originar o jornalismo que se faz atualmente, a sociedade começou a discutir a carga ideológica presente nos textos publicados. Somente com a profissionalização da atividade jornalística, sobretudo a partir da década de 30, as informações passaram a ser conduzidas de maneira especificas, trazendo em seu próprio formato um significado que devesse ser compreendido pelo leitor, ouvinte ou telespectador, a exemplo da notícia, que se resume ao relato dos fatos, ou mesmo a reportagem, que contextualiza a informação e traz opiniões diversas sobre o ocorrido.
Nesse panorama, o jornalismo opinativo revelou ao Brasil comentaristas, articulistas, cronistas, colunistas e outros, que se tornaram referência no debate de determinados temas. Chega a ser imprescindível a um jornal manter esses profissionais, responsáveis por revelar a face mais profunda da informação, além de dar dimensões futuras de um fato à sociedade.
No âmbito do editorial, texto incumbido de expor a opinião do veículo, é preciso analisar todo o processo de formação da atividade jornalística para compreender a importância deste texto. Fruto das inovações tecnológicas, o jornalismo se expandiu junto à revolução industrial e, por conta disso, bebeu nas fontes do capitalismo emergente, em um mundo moderno. Desse modo, os veículos de comunicação se tornaram empresas jornalísticas, que todos os dias tiram do forno informações quentinhas para seus consumidores. Enquanto empresas, os jornais possuem interesses e posicionamentos particulares, que representam o pensamento de seus donos, que são expostos no editorial.
Mas, a forma como o jornalismo opinativo atua sobre a opinião pública revela a importância do desses textos para os rumos políticos do país. Quando a imprensa é livre para expor opiniões que confrontem ou abonem atitudes, a população é impulsionada a se posicionar diante dos fatos, exigindo explicações. Exemplo disso foi o bate boca dos ministros do supremo. As colunas, comentários e editoriais mostraram o significado do “vossa excelência me respeite”, detonando uma manifestação no congresso para o afastamento de Gilmar Mendes, acusado pela imprensa de beneficiar banqueiros.

Lobos em pele de Cordeiro

Como diz o ditado, “notícia ruim vem a galope”. Na última semana, a informação de que um shopping da cidade iniciou negociações com uma empresa de estacionamento privado deixou em alerta a prefeitura e a população. A cobrança desse tipo de serviço é motivo de uma antiga queda de braços entre a prefeitura de salvador e administradoras de shopping centers. Esses estabelecimentos comerciais reclamam por ter grande parte de suas vagas ocupadas por não clientes, ou seja, o motorista que trabalha no prédio ao lado e não tem pretensões de fazer compras. Ainda assim, a legislação municipal assegura a taxação das vagas como ilegal. No meio dessa disputa está o consumidor que, se não abrir o olho, pode ter de botar a mão no bolso.
Quando esses empreendimentos surgiram, em Salvador, no final da década de 70, eles ofereciam a seus clientes conforto, comodidade e segurança, vantagens que levaram o comércio de rua, a exemplo da Baixa dos Sapateiros, entrar em franca decadência. Agora, com os consumidores conquistados, eles querem voltar atrás e rever os benefícios oferecidos. Como se a população, de certa forma, já não pagasse por esse serviço embutido no valor dos produtos.
O fato é que a cidade se desenvolveu no entorno desses estabelecimentos comerciais e, de forma desordenada, não houve planejamento para a criação de novas vagas de estacionamentos. É evidente que os shoppings não vão querer pagar essa conta.
As administradoras podem até negar sua vontade de cobrar pelo serviço, mas, como lobo em pele de cordeiro, estão só esperando a prefeitura afrouxar o cerco para, aí sim, dar o bote. Prova disso, é a bilhetagem eletrônica já instalada na maioria dos shoppings.