sexta-feira, 5 de março de 2010

A ascensão feminina

Discussões partidárias à parte, o cenário que se desenha para a próxima eleição presidencial dá conta do papel que a mulher vem exercendo, na sociedade brasileira, enquanto lideranças. Será muito significativo ter nos debates sobre o futuro do País a presença, a opinião e a representação feminina. Isso, sobretudo, por ser o Brasil uma nação de raízes patriarcais, herança da colonização portuguesa. Por aqui, o conservadorismo machista ainda impõe a mulher um papel inferior de submissão e dependência.
Independente de uma vitória, Dilma Rouseff e Marina da Silva desempenham, também, no campo simbólico, um avanço na relação de poder exercida pelas mulheres. É inegável que muitas ainda sofrem com a violência doméstica, as duplas e triplas jornadas e com o desequilíbrio salarial em relação aos homens, sobretudo, quando essa mulher é negra e possui mais de 40 anos.
A atuação feminina na política brasileira ainda é um desafio. Nas eleições de 2008, por exemplo, apenas 9,1% dos prefeitos eleitos eram mulheres. De acordo com a Organização das Nações Unida (ONU), o Brasil ocupa a penúltima colocação, na América do Sul, no ranking que mede a participação feminina nas câmaras federais. Em um cenário global, o país é o 146º colocado nesse quesito no mundo, atrás, inclusive, de países árabes.
São anos de atraso a serem superados. O direito das mulheres de votar e serem eleitas só foi conquistado em 1933, após a eclosão do Movimento Modernista e Feminista, além da criação do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Portanto, o que acontece hoje com as duas pré-candidatas é a ocupação de um espaço garantido com muita luta e superação. Ambas, sendo inteligentes, não se esquecerão de abordar em suas campanhas a questão de gênero no Brasil, tema crucial para avançar na consolidação do Estado Democrático de Direito.